Iludindo a torcida do Timão

Dante Baptista

Quer garantia de audiência em um programa esportivo? Fale do Corintians.

Os programas esportivos do horário do almoço já gastam mais de 50% do seu espaço com as notícias sobre o clube. Até aí é natural, cada um usa suas armas na guerra pela audiência.

Mas começa a ficar chato quando o assunto é contratações.

Com o clube na Série B e longe de conseguir um time forte para a disputa da taça, qualquer indício de contratação já é visto como um milagre para o torcedor corinthiano, que anda carente e precisa de um ‘afago’ do clube.

E Milton Neves fez isso ontem. Durante boa parte do Terceiro Tempo (Band, domingos, 21h30), ficou como manchete a vinda de um ‘novo Tevez’ para o Corinthians. Obviamente, esperei para ver a matéria e quando olho o GC, que dizia “Atacante argentino é a esperança de gols do Timão” (ou algo parecido com isso), vejo que o nome citado é Falcao Garcia, colombiano, que atua no River Plate.

Não sei o que foi pior. A Band enviou uma equipe de reportagem para a Argentina, em uma partida do River (o repórter era Nivaldo de Cillo) e entrevistou o jogador. Durante a entrevista, Falcao sequer sabia de algum interesse do Corinthians em contratá-lo. O próprio Corinthians não tem condições de contratar, sem parceria com a MSI, um jogador que joga em um dos principais clubes sulamericanos, titular da sua seleção (a Colômbia) e com potencial de contratação por clubes europeus (Falcao tem 22 anos).

Existe uma diferença entre jornalismo e sensacionalismo. Tratar diretamente com mais de 30 milhões de corações apaixonados pelo seu clube exige responsabilidade. E, no momento em que a diretoria acerta ao reativar os laços de amor entre time e torcida, a mídia precisa ser mais responsável e menos tendenciosa.

Decisões

Dante Baptista

No primeiro tempo, a Ponte Preta não foi aquela que o público está acostumado a ver jogar. Talvez por isso, o Palmeiras tenha criado as melhores chances nos primeiros vinte minutos e tenha marcado o gol do jogo logo a seguir, em cabeçada de Kleber na pequena área.

No segundo tempo, foi o Palmeiras que não atuou como deveria (mais um gol e o título estaria praticamente assegurado), e a Ponte resolveu partir para cima, na base da raça, e não empatou graças a uma tarde inspirada de Sâo Marcos. Resultado final, Palmeiras 1 x 0 Ponte Preta.

O Palmeiras precisa de um empate em casa (ou até derrota por um gol de diferença) para garantir o título Paulista, algo que não acontece desde 1996, no famoso time comandado por… Wanderley Luxemburgo (na época com W e Y, hoje escreve-se Vanderlei mesmo)

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Primeiro tempo movimentado e equilibrado no Maracanã, que terminou sem gols. No segundo, Joel sacou Kléberson e Ibson, para as entradas de Diego Tardelli e Obina, que fizeram a jogada do gol. O primeiro cruzou para o segundo completar, já sem goleiro.

O Botafogo, que passará a semana descansando, precisa vencer por dois gols de diferença. Já o Flamengo precisa do empate, mas enfrenta o América do (e no) México, com mais de 2000 metros de altura.

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Com 18 minutos de partida, o Cruzeiro já vencia por 2 a 0. O primeiro saiu numa bobeada do goleiro Juninho e no segundo foi um gol contra. Ramires encobriu o goleiro aos 39 ainda da primeira etapa. O baque foi tão forte que o Galo, no ano de seu centenário, saiu nocauteado por 5 a 0 do Mineirão.

Confesso que me peguei pensando o que falaria para os jogadores na reapresentação da equipe. Brigar, apontar falhas, caça às bruxas? Acho que nada disso adianta. O segredo é motivar, mas sem a utopia de que ‘ainda é possível, são onze contra onze’ e outras balelas. Eu falaria o seguinte: ‘tudo bem, o Cruzeiro já tem uma bela vantagem, mas até pela torcida, vocês precisam vencer para provar que são capazes. E isso até para vocês mesmos! Ganhar por 1, 2, 3… tanto faz! Mas vocês precisam vencer!”

Parabéns ao Cruzeiro, campeão mineiro.

Palmeiras na final

Dante Baptista

Dentro das quatro linhas, nada de surpreendente. O Palmeiras fez valer seu favoritismo e venceu o São Paulo por 2 a 0, gols de Léo Lima e Valdívia.

O clássico foi turbulento, nervoso e temperado pelas declarações e polêmicas da semana que antecedeu o clássico.

Por que o Palmeiras venceu?

É fato que, na temporada 2008, o Palmeiras está um patamar acima do São Paulo. Montou uma equipe do jeito que seu técnico gosta, com jogadores talentosos para decidir e os trabalhadores para ‘carregar o piano’. Tem Valdívia, cerebral e (agora) decisivo e boas opções para o banco, como Martinez (invenção de Luxemburgo no Cruzeiro/03), Lenny e Denílson. Tem um esquema definido e alguns jogadores que voltaram a render nas mãos de Luxa, casos de Léo Lima, Leandro, Marcos e o próprio Denilson.

Já o São Paulo não sabe como e com quem joga. Já em abril, não tem time e esquema tático definido, e joga repleto de improvisações. Além disso, não ofereceu surpresa alguma ao Palmeiras. Jogou taticamente igual à primeira partida e individualmente foi pior. Fábio Santos só achou Valdívia quando fez falta, Dagoberto não correspondeu e Junior não suporta fisicamente uma partida deste porte. E, para piorar, Rogério Ceni falha feio.

O gás de pimenta

Sinceramente, não consigo acreditar que ainda haja coisas deste tipo. Menos ainda que, precisando fazer apenas um gol em 45 minutos (qualquer cruzamento do Jorge Wagner para o Adriano é perigoso), o próprio São Paulo abortaria a melhor forma de um técnico mexer com sua equipe no intervalo sabotando o vestiário. O caso, na minha opinião, comprova a falta de estrutura do Palestra Itália para jogos deste porte. Mas, cabem às autoridades competentes, e não a jornalistas, a resolução do caso e deliberar punições e conseqüências para os infratores.

A sinceridade

O futebol seria um esporte ainda mais emocionante se todos fossem sinderos em suasa declarações para a imprensa. Rogério Ceni poderia ter simplesmente dito o seguinte ao repórter Bruno Laurence, da Globo: “O lance era meu e calculei errado a trajetória da bola. Errei e peço desculpas à torcida”. Valdívia poderia ser sincero e dito o seguinte (sobre a provocação na comemoração do gol): “Fui provocado o jogo inteiro, apanhei e respondi com gols. Foi isso”. E ainda, ao invés de continuar a provocação, algum diretor do Palmeiras poderia dizer o seguinte: “Independente de quem é a culpa, estamos dispostos a ajudar na averiguação do caso para que o Parque Antártica melhore ainda mais na segurança e possa receber jogos importantes.”Ilusão minha? Com certeza!

Palmeiras e Ponte farão as finais do Paulista nos dois próximos domingos. A primeira partida será no Moisés Lucareli e a segunda em São Paulo, no Palestra Itália

O adeus do Baixinho

Dante Baptista

Romário anunciou ontem, dia 14 de abril, que não jogará mais futebol profissionalmente. Quer apenas um jogo de despedida no Maracanã, e com as camisas dos clubes cariocas que já defendeu (Leia-se Vasco, Flamengo e Fluminense).

1002 gols em vinte anos de carreira. Artilheiro do campeonato carioca à Champions League (e isso inclui Rio-São Paulo, Brasileiro, campeonato Espanhol, Holandês…) e apelidado por Cruyff como o ‘gênio da grande área’.

Poderia fazer um texto extenso, ressaltando as qualidades, a irreverência do Baixinho, mas vou resumir com o sentimento de quem viu Romário no seu auge:

Obrigado, Peixe!

Ainda sobre o clássico Paulista

Dante Baptista

A FPF acertou. Colocou seus dois melhores árbitros para as semifinais. Paulo Cesar de Oliveira é o melhor do ranking da federação. Porém, sua arbitragem foi péssima. Poucas vezes um árbitro errou tanto em um jogo. Tanto nos lances capitais, como na administração da partida.

Foram três cartões amarelos em menos de 10 minutos de jogo. No 11º minuto, o lance que pode mudar a história do Campeonato Paulista: Jorge Wagner cruzou para a pequena área. No momento do passe, Adriano não estava impedido, mas quando Miranda resvala na bola, o Imperador passa a ficar em posição de impedimento. Primeiro erro.

O segundo foi da assistente Maria Elisa Barbosa que, preocupada em observar a posição de impedimento, não olhou o toque de Adriano com a mão.

A justificativa de Paulo Cesar de Oliveira para o lance foi ainda pior que o erro. “Vi o toque, mas achei que foi involuntário”. Era melhor não ter falado nada.

Para melhorar, Paulo Cesar deixou de dar cartão vermelho em Pierre e Zé Luis, por repetidas faltas em seus adversários.

No segundo gol, tive a impressão inicial de falta em Pierre, mas o replay e a falta de reclamação dos jogadores do Palmeiras me convenceu do contrário.

O pênalti de Alex Silva em Lenny existiu, apesar da encenação do atacante palmeirense.

Espera-se que a Comissão de Arbitragem da Federação, comandada pelo Coronel Marinho, saiba conduzir a situação da melhor forma.

Botafogo massacra o Flamengo

Dante Baptista

Nem mesmo com Ronaldo nas arquibancadas, o Flamengo conseguiu inspiração.

O Botafogo, que vencia no primeiro tempo com um gol de Wellington Paulista, simplesmente não deixou o adversário jogar. O gol foi uma ‘reprise’ do gol marcado diante do Fluminense, na mesma jogada de escanteio com desvio no primeiro poste. Wellington cabeceou sem marcação e goleiro.

No segundo tempo, Cuca adiantou Alessandro, que jogava nas costas de Juan. Quando ampliou para 2 a 0, já eram várias as chances agudas do Botafogo, que jogava bem, com a movimentação típica dos times de Cuca e a cabeça no lugar. Em momento algum lembrou aquele time desequilibrado que perdeu a decisão da Taça Guanabara.

O 3 a 0 era questão de tempo, e veio num pênalti bem batido por Lucio Flávio.

Botafogo e Fluminense se enfrentam no próximo domingo, pela final da Taça Rio. O vencedor pega o Flamengo, já classificado para a final.

O São Paulo volta a ser São Paulo

Dante Baptista

O São Paulo não lembrou em nada o patético time que perdeu para o Audax Italiano na quinta-feira. Especialmente na escalação.

Ao invés de um 4-4-2 cheio de improvisações e que não dá à equipe a segurança necessária, Muricy optou (e bem) pelo retorno de Alex Silva e escalou o time no 3-5-2.

Porém, nos primeiros minutos, era o Palmeiras que tomava conta das ações. Mas esbarrava na ‘boa e velha’ defesa Tricolor. Alex Silva nem parecia que estava sem jogar há quase seis meses.

Mesmo sem estar melhor em campo, o São Paulo vencia o duelo tático com Luxa, e acabou premiado com um gol irregular de Adriano, de mão. Erro gravíssimo do árbitro Paulo Cesar de Oliveira e sua assistente, Maria Elisa Barbosa.

O Palmeiras não esperava tomar o gol tão cedo (aos 11 da primeira etapa) e não conseguiu se encontrar em campo.

Por falar em Duelo tático, Muricy conseguiu o que se chama de ‘encaixar o jogo’. André Dias ficava na sobra, enquanto os dois zagueiros rápidos marcavam os atacantes palmeirenses. Zé Luis anulou Valdívia, Hernanes marcava Léo Lima, enquanto os dois alas se enfrentavam. Dagoberto continha os avanços de Pierre.

Na segunda etapa, a superioridade tricolor prevaleceu. E, para piorar a situação palmeirense, Gustavo errou na saída de bola e Jorge Wagner lançou Adriano, que marcou à européia. Recebeu sozinho, jogou Pierre no chão e bateu com estilo, por cima de Marcos.

Foi aí que Luxemburgo resolveu alterar o time. Sacou Kléber, Pierre (com cartão) e Elder Granja e colocou Denilson, Martinez e Lenny. Alex Mineiro era a referência, enquanto Lenny e Denilson jogavam pelas pontas.

E foi justamente por esse caminho que o Palmeiras diminuiu o placar. Lenny sofreu pênalti de Alex Silva, convertido por Alex Mineiro.

No próximo domingo, as duas equipes se enfrentam novamente no Palestra Itália. O São Paulo joga por um empate (além da vitória), enquanto o Palmeiras se classifica com uma vitória simples.

Novamente a história do mando de campo

Dante Baptista

Mais uma vez a história do mando de campo nas semifinais e finais do Paulista.

O assunto é tão chato que já perdeu a graça discutir, visto que todos sabem de cor os argumentos.

Porém, antes de qualquer argumentação dos clubes (que são válidos, por sinal), existe um regulamento assinado por todos os clubes antes da competição.

O que está dito no regulamento é que o mando das partidas é da FPF, que tem o direito de escolher onde quer os jogos. E já manifestou publicamente a preferência pelo Morumbi, em função da maior capacidade do estádio e do gramado de ótima qualidade.

O Palmeiras argumenta que construiu uma vantagem para poder decidir sempre em seus domínios e o Morumbi é o campo do São Paulo, não sendo assim neutro. Já o São Paulo adota a postura de se cumprir o regulamento, e não quer jogar no interior.

Tudo muito bonito, batalha nos bastidores, polêmica, imprensa, mas… Existe um regulamento assinado. A decisão é da Federação Paulista e ponto final. A polêmica é absolutamente desnecessária. O regulamento tem furos, como a contagem de pontos e cartões continuar valendo após a fase de classificação, mas precisa ser respeitado.

Como bem lembrou Juca Kfouri, se o Palmeiras quer realmente entrar na polêmica, poderia lembrar que, segundo o artigo 15 Estatuto do Torcedor, nenhuma entidade pode mandar jogos, apenas os clubes têm tal direito.

Briga e afastamento

Fabio Sanches

Fim de temporada e o campeão brasileiro investe em reforços para o ano seguinte. Anuncia, então, em uma toada, Adriano, Carlos Alberto e Fabio Santos. Os críticos dividem as opiniões. Se por um lado não se discute a técnica destes jogadores, o histórico não é bom. Todos passaram momentos ruins por indisciplina.

Depois de 4 meses, o primeiro grande problema. Fábio Santos sai da concentração e é punido por 29 dias. Em seguida, Carlos Alberto também é suspenso, só que por 15 dias. Muricy Ramalho antecipou a concentração por conta do atraso de Carlos Alberto no treino da última sexta-feira. Fábio teria brigado com o meia.

Segundo Marco Aurélio Cunha, dirigente do São Paulo, houve um “empurra-empurra”, envolvendo mais jogadores além dos dois citados anteriormente. Na confusão, Fábio teria tirado seu relógio e atirado em Carlos Alberto, aumentando ainda mais a confusão. Alex Silva e Adriano teriam tentado amenizar a briga.

Depois de conversar com Alex Silva, por telefone, ele não quis entrar em detalhes sobre o ocorrido, mas ressaltou que o grupo tem um líder. “O Rogério conversou com todos. Entendemos que no São Paulo existe uma hierarquia e precisa ser respeitada”, disse.

No jogo contra o Juventus, a briga parece não ter influenciado dentro de campo. No entanto, o verdadeiro desafio será quinta-feira, pela Libertadores. Aí sim será possível observar alguma sequela.

O reformatório do Morumbi precisa ser revisto

Dante Baptista

“Lhe, lhe, lhe, ô lhe, lhe, lhe, a / com bad boys no seu time já pode comemorar / Somos bad boys isso não tem nada a ver…”
(Trecho de ‘Rap dos Bad Boys’, de Romário e Edimundo)

Desde pequeno, acostumei que, ‘para ser jogador do São Paulo, precisa ser diferenciado em termos de postura dentro e fora de campo’, ou, nas palavras de Muricy Ramalho, ‘antes de observarmos o futebol, vemos o caráter do jogador’.

Por isso, jogadores como Raí, Leonardo, Zetti, Careca, Cafu, Kaká, Juninho Paulista e Rogério Ceni acabaram marcados como ‘jogadores com a cara do São Paulo’. Jogadores encrenqueiros nunca fizeram sucesso no clube. O último jogador com esse perfil foi Serginho Chulapa, maior artilheiro da história do São Paulo, com 242 gols.

Para este ano, a diretoria do São Paulo resolveu reviver o elenco aguerrido de 2004/2005, com jogadores raçudos, como Lugano, Luis Fabiano (que, diga-se de passagem, de temperamento forte dentro do campo, e nenhuma ocorrência de indisciplina fora dele) e apostou em três nomes: Adriano, Fábio Santos e Carlos Alberto.

A aposta da diretoria foi no histórico de recuperação de grandes atletas no Reffis, que praticamente contratou Adriano e já havia tratado de outros jogadores, como Roque Jr, Luizão, Zé Roberto.

Porém, parece que o São Paulo resolveu criar um desafio maior do que o administrável.

Em março, Adriano foi protagonista de um ato de indisciplina ao sair do CCT sem a devida autorização e antes do horário do treinamento. Ouviu um discurso do presidente Juvenal Juvêncio e, depois disso, passou a ser decisivo para o Tricolor.

Já Fábio Santos e Carlos Alberto não vinham correspondendo em campo o investimento e o desafio, e, para piorar…

…Ainda se envolveram em uma briga na concentração. Fábio foi prontamente afastado por 29 dias, sem participar das atividades do grupo e sem recebimento de salários. Caminho semelhante seguiu Carlos Alberto, que foi afastado por uma semana, em função de um conjunto de incidentes.

O São Paulo falhou na missão de tentar recuperar jogadores irrecuperáveis, com histórico de problemas por onde passam e, nos casos de Carlos Alberto e Fábio Santos, sem custo-benefício favorável ao clube. Como reformatório, o Reffis é um excelente centro de recuperação física no futebol mundial.