A ordem dos fatores

Dante Baptista

Jornalismo é uma coisa, audiência é outra.

Enquanto o SBT transmite Pantanal e a Record aposta nos ex-atores globais como Mutantes, a Globo não pensou duas vezes. Pediu para adiantar o jogo entre Corinthians e Bragantino e o colocou, em horário nobre de Série A, por mais que seja a oitava rodada da Série B.

Enquanto o resto do Brasil viu a final da Libertadores, São Paulo assistiu o jogo do Corinthians. O jogo, que terminou 1 a 1 e teve baixo nível técnico, pelo menos agradou aos torcedores corinthianos.

Em termos de jornalismo e ordem de importância, a Globo foi mal. Mas a sacada foi boa na guerra pela audiência.

Final inédita

Dante Baptista

Será um jogo interessantíssimo. Duas equipes que nunca chegaram à final da Libertadores se enfrentam hoje. Dois estilos opostos e uma única motivação. É assim que Fluminense e LDU disputarão, em Quito, a primeira partida da final da Libertadores. A última vez que dois times chegaram pela primeira vez à final foi em 1999, quando o Palmeiras venceu o Deportivo Cali, da Colômbia.

A LDU é o famoso ‘time encardido’. Usa o fator altitude e joga com rapidez e força. Não tem nenhum grande craque e dificilmente prioriza o jogo individual. Fora de casa, não costuma jogar tão bem assim, mas não pense que eles não têm qualidade. Por ter uma base que joga junto há muito tempo, os toques rápidos e movimentação são armas poderosas.

O Flu joga um futebol muito parecido com o que o brasileiro gosta de ver. Habilidade, tabelas, jogo coletivo recheado por jogadas individuais. Thiago Neves e Conca armam e cadenciam o jogo, enquanto Gabriel e Junior Cesar dão velocidade pelos lados do campo. Wasinhton, mais barato que Adriano, é a referência no ataque.

Credenciados com a primeira colocação em seu grupo (curiosamente, a LDU ficou em segundo lugar) e por eliminar ‘apenas’ São Paulo e Boca Juniors, o Fluminense corre apenas um risco. A LDU, diferente dos adversários anteriores, não vai querer medir forças contra o time de Renato Gaúcho. E está certa nisso. Boca e São Paulo têm tradição e a usaram como fator em campo. Mesmo assim, foram despachados no Maracanã.

Os equatorianos sempre fizeram campanhas medianas. Mostraram bom futebol, mas nunca chegaram tão longe. Por isso, fazem o jogo da vida e devem jogar bem melhor do que na estréia da competição, contra o próprio Fluminense.

E aí mora o perigo. Renato e seus comandados não podem achar que a LDU jogará medindo forças e, principalmente, que o jogo está ganho. É exatamente isso que eles querem.

E todo cuidado com a impáfia, Renato Gaúcho.

O blog acompanha e comentará o jogo amanhã

A ‘paraguaia’ Seleção Brasileira

Dante Baptista

Sou do tempo em que era gostoso assistir a uma partida da Seleção Brasileira. Embora tenha começado a gostar de futebol na entressafra de 90 a 94, ainda via o Brasil com o resultado do que os torcedores mais sonham: ver os principais craques do país vestindo uma única camisa. Por isso, não perdia um jogo. Podia ser uma convocação, treino, amistoso, Copa América, Copa das Confederações, Copa Ouro (nem preciso falar de Copa do Mundo)…

Desta forma, o brasileiro, apaixonado pelo seu clube, sempre nutriu uma paixão pela seleção. Quem não tinha o privilégio de vê-los jogando em seus clubes, podia torcer por Pelé, Zico, Raí, Careca, Sócrates, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká…

Ao longo dos anos, Ricardo Teixeira, CBF e muitos cabeças-de-bagre que já vestiram a amarelinha me fizeram perder um pouco do encantamento em assistir a Seleção. À medida que os craques saíam do Brasil, a Seleção saía um pouco também. Os jogos deixaram de ser no Brasil, deixamos de ver o time brasileiro jogando contra grandes forças e passamos a ver jogos contra o time de Lucerna, o Kweit, Andorra…

Além disso, sempre entendi por Seleção o princípio básico: selecionar os dois melhores jogadores de cada posição nascidos no país. E acho que todo brasileiro entende isso, até porque a imprensa internacional trata ‘Seleçao’ como apelido brasileiro, assim como English Team, Azzurra, Bleus, etc.

E ontem, ao ver um Brasil desequilibrado, apático e sem a mínima cara de Brasil, sofri mais um duro golpe neste ‘casamento’ com a Seleção Brasileira(?). Perder para o Paraguai, fora de casa, por 2 a 0 nem foi o problema. O problema foi ver a falta de postura brasileira, jogando com três volantes de cotenção e sem armação de jogadas. Foi ver o Paraguai dizendo que tinha a obrigação de vencer. Mas, peraí: quem tem cinco títulos mundiais não é o Brasil? Quem se orgulha de ser o ‘país do futebol’? Quem vendeu para o mundo a ginga, o drible, a malícia?

E a culpa não é do Paraguai, que jogou o feijão-com-arroz bem feito. A culpa é da covardia, apatia e falta de fotebol brasileiro.

Obrigado Ricardo Teixeira, por minimizar a paixão do brasileiro.

Obrigado Nike, por comercializar e extinguir aquilo que o Brasil tem (tinha?) de melhor.

Obrigado Dunga, pelo vexame.

Santos se complica no México

Dante Baptista

Alguma coisa aconteceu com o time do Santos.

Ou melhor, não aconteceu.

A zaga não marcou, o meio não criou e o ataque ficou órfão. Não parecia o time que venceu bem o Cucuta bem e parecia ter tomado corpo. Molina foi nulo, bem como a zaga com Fabão (é o mesmo que foi campeão pelo São Paulo?) e Marcelo e Kléber não fez nada de tão relevante.

E, em falha de marcação da defesa, Cabañas (medidas oficiais: 1,73m | 78kg) recebeu sozinho e marcou o primeiro do América.

No segundo tempo, Leão sacou Molina e colocou Tabata. Mesmo com o péssimo desempenho do colombiano, Tabata é ainda pior e mais ineficiente.

Outra falha de marcação e Cabañas recebe livre e marca o segundo gol.

Quando o Santos teve uma oportunidade clara de trazer um resultado ‘menos pior’ paa a Vila, Hector Baldassi anulou gol legal de Kléber Pereira.

* * *

LDU e San Lorenzo empataram em 1 a 1, e o resultado teve boa colaboração do goleiro do time argentino, que tentou fazer o que não sabe (sair jogando e fazer embaixadas) e tomou um gol bisonho.

Adriano é o cara

Dante Baptista

Vamos aos reflexos de uma quarta-feira decisiva, começando pelo Morumbi:

No último post sobre a vitória são-paulina na Libertadores, disse que tinha sido a melhor atuação do time no ano. Tirando o hiato da partida contra o Grêmio, a equipe provou que evoluiu mesmo no duelo diante do Fluminense.

Eu, sinceramente, esperava mais do Fluminense, e creio que o resultado mostrou que Libertadores é competição para dois estilos de times: os que têm camisa e os que sabem jogar uma Libertadores. O São Paulo reuniu os dois, enquanto faltou experiência para o Tricolor das Laranjeiras.

A direfença também ficou por conta do São Paulo ter entrado mais ‘ligado’ no jogo, sabendo que era a partida da vida. Fábio Santos, Hugo, Richarlysson, Dagoberto foram verdadeiros leões, tática e tecnicamente. Somado a um Adriano inspirado, que armou e concluiu, deu Tricolor Paulista.

Já do lado do Flu, Fernando Henrique (que deu o gol para Adriano), Dodô e Thiago Neves sequer entraram no jogo, e Thiago Silva não jogou, contundido.

* * *

* Em ano de centenário, o Atlético-MG decepcionou novamente sua torcida. Jogou melhor que o Botafogo mas perdeu por 2 a 0. O blog deseja um feliz 2009 ao Galo, e espera que seja realmente feliz, pois, se não se arrumar, poderá voltar à Série B.

* Internacional e Palmeiras eram favoritos na Copa do Brasil, certo? Não avisaram isso ao Sport Recife, que despachou os dois na Ilha do Retiro lotada.

* O Corinthians ganhou corpo: tem um time rápido e, se não é muito criativo, tem até algumas opções. Pode fazer bonito na Copa do Brasil.

Iludindo a torcida do Timão

Dante Baptista

Quer garantia de audiência em um programa esportivo? Fale do Corintians.

Os programas esportivos do horário do almoço já gastam mais de 50% do seu espaço com as notícias sobre o clube. Até aí é natural, cada um usa suas armas na guerra pela audiência.

Mas começa a ficar chato quando o assunto é contratações.

Com o clube na Série B e longe de conseguir um time forte para a disputa da taça, qualquer indício de contratação já é visto como um milagre para o torcedor corinthiano, que anda carente e precisa de um ‘afago’ do clube.

E Milton Neves fez isso ontem. Durante boa parte do Terceiro Tempo (Band, domingos, 21h30), ficou como manchete a vinda de um ‘novo Tevez’ para o Corinthians. Obviamente, esperei para ver a matéria e quando olho o GC, que dizia “Atacante argentino é a esperança de gols do Timão” (ou algo parecido com isso), vejo que o nome citado é Falcao Garcia, colombiano, que atua no River Plate.

Não sei o que foi pior. A Band enviou uma equipe de reportagem para a Argentina, em uma partida do River (o repórter era Nivaldo de Cillo) e entrevistou o jogador. Durante a entrevista, Falcao sequer sabia de algum interesse do Corinthians em contratá-lo. O próprio Corinthians não tem condições de contratar, sem parceria com a MSI, um jogador que joga em um dos principais clubes sulamericanos, titular da sua seleção (a Colômbia) e com potencial de contratação por clubes europeus (Falcao tem 22 anos).

Existe uma diferença entre jornalismo e sensacionalismo. Tratar diretamente com mais de 30 milhões de corações apaixonados pelo seu clube exige responsabilidade. E, no momento em que a diretoria acerta ao reativar os laços de amor entre time e torcida, a mídia precisa ser mais responsável e menos tendenciosa.

Decisões

Dante Baptista

No primeiro tempo, a Ponte Preta não foi aquela que o público está acostumado a ver jogar. Talvez por isso, o Palmeiras tenha criado as melhores chances nos primeiros vinte minutos e tenha marcado o gol do jogo logo a seguir, em cabeçada de Kleber na pequena área.

No segundo tempo, foi o Palmeiras que não atuou como deveria (mais um gol e o título estaria praticamente assegurado), e a Ponte resolveu partir para cima, na base da raça, e não empatou graças a uma tarde inspirada de Sâo Marcos. Resultado final, Palmeiras 1 x 0 Ponte Preta.

O Palmeiras precisa de um empate em casa (ou até derrota por um gol de diferença) para garantir o título Paulista, algo que não acontece desde 1996, no famoso time comandado por… Wanderley Luxemburgo (na época com W e Y, hoje escreve-se Vanderlei mesmo)

* * *

Primeiro tempo movimentado e equilibrado no Maracanã, que terminou sem gols. No segundo, Joel sacou Kléberson e Ibson, para as entradas de Diego Tardelli e Obina, que fizeram a jogada do gol. O primeiro cruzou para o segundo completar, já sem goleiro.

O Botafogo, que passará a semana descansando, precisa vencer por dois gols de diferença. Já o Flamengo precisa do empate, mas enfrenta o América do (e no) México, com mais de 2000 metros de altura.

* * *

Com 18 minutos de partida, o Cruzeiro já vencia por 2 a 0. O primeiro saiu numa bobeada do goleiro Juninho e no segundo foi um gol contra. Ramires encobriu o goleiro aos 39 ainda da primeira etapa. O baque foi tão forte que o Galo, no ano de seu centenário, saiu nocauteado por 5 a 0 do Mineirão.

Confesso que me peguei pensando o que falaria para os jogadores na reapresentação da equipe. Brigar, apontar falhas, caça às bruxas? Acho que nada disso adianta. O segredo é motivar, mas sem a utopia de que ‘ainda é possível, são onze contra onze’ e outras balelas. Eu falaria o seguinte: ‘tudo bem, o Cruzeiro já tem uma bela vantagem, mas até pela torcida, vocês precisam vencer para provar que são capazes. E isso até para vocês mesmos! Ganhar por 1, 2, 3… tanto faz! Mas vocês precisam vencer!”

Parabéns ao Cruzeiro, campeão mineiro.

Ainda sobre o clássico Paulista

Dante Baptista

A FPF acertou. Colocou seus dois melhores árbitros para as semifinais. Paulo Cesar de Oliveira é o melhor do ranking da federação. Porém, sua arbitragem foi péssima. Poucas vezes um árbitro errou tanto em um jogo. Tanto nos lances capitais, como na administração da partida.

Foram três cartões amarelos em menos de 10 minutos de jogo. No 11º minuto, o lance que pode mudar a história do Campeonato Paulista: Jorge Wagner cruzou para a pequena área. No momento do passe, Adriano não estava impedido, mas quando Miranda resvala na bola, o Imperador passa a ficar em posição de impedimento. Primeiro erro.

O segundo foi da assistente Maria Elisa Barbosa que, preocupada em observar a posição de impedimento, não olhou o toque de Adriano com a mão.

A justificativa de Paulo Cesar de Oliveira para o lance foi ainda pior que o erro. “Vi o toque, mas achei que foi involuntário”. Era melhor não ter falado nada.

Para melhorar, Paulo Cesar deixou de dar cartão vermelho em Pierre e Zé Luis, por repetidas faltas em seus adversários.

No segundo gol, tive a impressão inicial de falta em Pierre, mas o replay e a falta de reclamação dos jogadores do Palmeiras me convenceu do contrário.

O pênalti de Alex Silva em Lenny existiu, apesar da encenação do atacante palmeirense.

Espera-se que a Comissão de Arbitragem da Federação, comandada pelo Coronel Marinho, saiba conduzir a situação da melhor forma.

Botafogo massacra o Flamengo

Dante Baptista

Nem mesmo com Ronaldo nas arquibancadas, o Flamengo conseguiu inspiração.

O Botafogo, que vencia no primeiro tempo com um gol de Wellington Paulista, simplesmente não deixou o adversário jogar. O gol foi uma ‘reprise’ do gol marcado diante do Fluminense, na mesma jogada de escanteio com desvio no primeiro poste. Wellington cabeceou sem marcação e goleiro.

No segundo tempo, Cuca adiantou Alessandro, que jogava nas costas de Juan. Quando ampliou para 2 a 0, já eram várias as chances agudas do Botafogo, que jogava bem, com a movimentação típica dos times de Cuca e a cabeça no lugar. Em momento algum lembrou aquele time desequilibrado que perdeu a decisão da Taça Guanabara.

O 3 a 0 era questão de tempo, e veio num pênalti bem batido por Lucio Flávio.

Botafogo e Fluminense se enfrentam no próximo domingo, pela final da Taça Rio. O vencedor pega o Flamengo, já classificado para a final.

O São Paulo volta a ser São Paulo

Dante Baptista

O São Paulo não lembrou em nada o patético time que perdeu para o Audax Italiano na quinta-feira. Especialmente na escalação.

Ao invés de um 4-4-2 cheio de improvisações e que não dá à equipe a segurança necessária, Muricy optou (e bem) pelo retorno de Alex Silva e escalou o time no 3-5-2.

Porém, nos primeiros minutos, era o Palmeiras que tomava conta das ações. Mas esbarrava na ‘boa e velha’ defesa Tricolor. Alex Silva nem parecia que estava sem jogar há quase seis meses.

Mesmo sem estar melhor em campo, o São Paulo vencia o duelo tático com Luxa, e acabou premiado com um gol irregular de Adriano, de mão. Erro gravíssimo do árbitro Paulo Cesar de Oliveira e sua assistente, Maria Elisa Barbosa.

O Palmeiras não esperava tomar o gol tão cedo (aos 11 da primeira etapa) e não conseguiu se encontrar em campo.

Por falar em Duelo tático, Muricy conseguiu o que se chama de ‘encaixar o jogo’. André Dias ficava na sobra, enquanto os dois zagueiros rápidos marcavam os atacantes palmeirenses. Zé Luis anulou Valdívia, Hernanes marcava Léo Lima, enquanto os dois alas se enfrentavam. Dagoberto continha os avanços de Pierre.

Na segunda etapa, a superioridade tricolor prevaleceu. E, para piorar a situação palmeirense, Gustavo errou na saída de bola e Jorge Wagner lançou Adriano, que marcou à européia. Recebeu sozinho, jogou Pierre no chão e bateu com estilo, por cima de Marcos.

Foi aí que Luxemburgo resolveu alterar o time. Sacou Kléber, Pierre (com cartão) e Elder Granja e colocou Denilson, Martinez e Lenny. Alex Mineiro era a referência, enquanto Lenny e Denilson jogavam pelas pontas.

E foi justamente por esse caminho que o Palmeiras diminuiu o placar. Lenny sofreu pênalti de Alex Silva, convertido por Alex Mineiro.

No próximo domingo, as duas equipes se enfrentam novamente no Palestra Itália. O São Paulo joga por um empate (além da vitória), enquanto o Palmeiras se classifica com uma vitória simples.