Dante Baptista
Sou do tempo em que era gostoso assistir a uma partida da Seleção Brasileira. Embora tenha começado a gostar de futebol na entressafra de 90 a 94, ainda via o Brasil com o resultado do que os torcedores mais sonham: ver os principais craques do país vestindo uma única camisa. Por isso, não perdia um jogo. Podia ser uma convocação, treino, amistoso, Copa América, Copa das Confederações, Copa Ouro (nem preciso falar de Copa do Mundo)…
Desta forma, o brasileiro, apaixonado pelo seu clube, sempre nutriu uma paixão pela seleção. Quem não tinha o privilégio de vê-los jogando em seus clubes, podia torcer por Pelé, Zico, Raí, Careca, Sócrates, Ronaldo, Ronaldinho, Kaká…
Ao longo dos anos, Ricardo Teixeira, CBF e muitos cabeças-de-bagre que já vestiram a amarelinha me fizeram perder um pouco do encantamento em assistir a Seleção. À medida que os craques saíam do Brasil, a Seleção saía um pouco também. Os jogos deixaram de ser no Brasil, deixamos de ver o time brasileiro jogando contra grandes forças e passamos a ver jogos contra o time de Lucerna, o Kweit, Andorra…
Além disso, sempre entendi por Seleção o princípio básico: selecionar os dois melhores jogadores de cada posição nascidos no país. E acho que todo brasileiro entende isso, até porque a imprensa internacional trata ‘Seleçao’ como apelido brasileiro, assim como English Team, Azzurra, Bleus, etc.
E ontem, ao ver um Brasil desequilibrado, apático e sem a mínima cara de Brasil, sofri mais um duro golpe neste ‘casamento’ com a Seleção Brasileira(?). Perder para o Paraguai, fora de casa, por 2 a 0 nem foi o problema. O problema foi ver a falta de postura brasileira, jogando com três volantes de cotenção e sem armação de jogadas. Foi ver o Paraguai dizendo que tinha a obrigação de vencer. Mas, peraí: quem tem cinco títulos mundiais não é o Brasil? Quem se orgulha de ser o ‘país do futebol’? Quem vendeu para o mundo a ginga, o drible, a malícia?
E a culpa não é do Paraguai, que jogou o feijão-com-arroz bem feito. A culpa é da covardia, apatia e falta de fotebol brasileiro.
Obrigado Ricardo Teixeira, por minimizar a paixão do brasileiro.
Obrigado Nike, por comercializar e extinguir aquilo que o Brasil tem (tinha?) de melhor.
Obrigado Dunga, pelo vexame.
Filed under: Adriano, Brasil, Dunga, eliminatórias, futebol, seleção, Seleção Brasileira | Tagged: Brasil, Cabañas, Dunga, Paraguai, Ricardo Teixeira, Roque Santa Cruz | Leave a comment »